O ano de 1983 jamais sairá da memória de todos os moradores da região Meio-Oeste do Estado. Há 38 anos, no dia 7 de julho daquele ano, o Rio do Peixe se transformava em um mostro assustador, que com sua fúria provocou destruição em todos os municípios do vale. Desde Caçador, até Capinzal, todas as cidades que se ergueram ao lado das águas tranquilas do rio viram patrimônios serem devastados, numa catástrofe da natureza que até hoje, ainda, não teve precedentes.
Relatos da época, como o do radialista Ailton Viel, dão uma noção do que se passou no dia 7 de julho de 1983, quando as águas tomaram conta das áreas centrais das cidades de Capinzal e Ouro.
Às 6 horas da manhã acordei com um telefonema do então prefeito Celso Farina me falando que precisava da ajuda da emissora, pois o rio está subindo rápido e precisava de todos os funcionários da Prefeitura para socorrerem as famílias que moravam na rua Beira Rio”. Ali residiam mais de 100 famílias.
Viel foi então verificar a situação do rio, que já saía de seu leito. Chovia muito em todas as cidades da região e as águas continuavam a subir. Do município de Ouro, o prefeito da época, Domingos Boff, também conclamou seus funcionários, pois já estavam ocorrendo quedas de barreiras e as águas ameaçavam os veículos e equipamentos da Prefeitura.
O rio Capinzal, que corta o centro da cidade, e desemboca no rio do Peixe, foi sendo represado e suas águas subiam a medida em que subiam as águas do rio do Peixe, invadindo estabelecimentos comerciais e industriais. As estradas da região começaram a apresentar problemas, o trânsito na SC-303 foi interrompido, o centro da cidade de Lacerdópolis estava tomado pelas águas e barreiras haviam caído na rodovia de ligação com Joaçaba. O tráfego de veículos ligando Capinzal e Ouro à região de Joaçaba, foi desviado pelo interior de Ouro.
Com a chegada da noite, surgiam rumores de que a ponte Irineu Bornhausen em Capinzal não suportaria a correnteza. A ponte pênsil, pouco abaixo, já tinha sido levada pelas águas. O rio subiu até o início do dia 8. Por volta de meia-noite e meia ele começou a baixar, mas em alguns pontos o nível chegou a quatro metros acima da pavimentação das ruas.
Ao clarear o dia 8 de julho já não chovia mais. Ouro e Capinzal a exemplo das demais cidades do Vale do Rio do Peixe passavam a contabilizar as perdas provocadas pela maior enchente da história. Em Capinzal, 96 residências desaparecerem das margens do rio, 116 famílias ficaram desalojadas. Centenas de outras famílias desabrigadas. Praticamente todo o centro comercial foi tomado pelas águas. Os prejuízos eram incalculáveis.
VILA SETE
Para evitar que um dia fato semelhante viesse a acontecer, a Administração Municipal, tendo a frente o então prefeito Celso Farina adquiriu uma área de terra nas proximidades da chamada Estrada Velha, de propriedade do advogado Lourenço Brancher. Com material doado por uma empresa construtora de barragem, dezenas de casas pré-moldadas foram construídas no local. Nascia assim a Vila Sete de Julho, início de um processo de desenvolvimento de toda a região hoje chamada de Cidade Alta. O nome é uma recordação da data da maior enchente da história de Capinzal.