O Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, a soma de todos os bens e serviços produzidos no paÃs, cresceu 1,9% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com os últimos três meses do ano passado.
O PIB, no perÃodo, somou R$ 2,6 trilhões. O dado foi divulgado nesta quinta-feira (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e EstatÃstica (IBGE).
Na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, a economia brasileira avançou 4%. O PIB acumula alta de 3,3% no perÃodo de 12 meses.
Com o resultado, a economia brasileira está no maior patamar da série histórica, iniciada em 1996, e 6,4% acima do patamar pré-pandemia (último trimestre de 2019).
Setores
O crescimento na comparação com o trimestre anterior foi puxado pela agropecuária, que teve alta de 21,6%. Segundo o IBGE, o resultado é explicado principalmente pelo aumento da produção da soja, principal lavoura de grãos do paÃs, que concentra 70% da safra no primeiro trimestre e deve fechar este ano com recorde.
âA soja tem peso muito grande, especialmente no primeiro semestre do ano, quando a gente tem a colheita. E a soja tem expectativa de crescimento de quase 25% e com ganhos de produtividadeâ, explica a pesquisadora do IBGE Rebeca Palis. âA soja foi a grande responsável pelo crescimento da economia como um todoâ.
Os serviços, principal setor da economia brasileira, também tiveram crescimento no perÃodo (0,6%), com destaque para o desempenho das atividades de transportes e de atividades financeiras (ambos com alta de 1,2%).
A indústria, por sua vez, teve variação negativa de 0,1% no perÃodo, o que, segundo o IBGE, representa estabilidade. Bens de capital (máquinas e equipamentos usados no setor produtivo) e bens intermediários (insumos industrializados usados no setor produtivo) apresentaram queda, enquanto as indústrias extrativas cresceram 2,3% e atividade de eletricidade e água, gás, esgoto, atividades de gestão de resÃduos subiu 1,7%.
A construção e a indústria da transformação tiveram queda no perÃodo, de 0,8% e 0,6%, respectivamente. Segundo Rebeca Palis, esses setores foram impactados pela taxa básica de juros em um patamar mais alto do que no inÃcio do ano passado.
âA construção e indústria da transformação dependem muito de crédito. São afetados pelo aumento de juros e pela polÃtica monetária restritiva, com o aumento do custo do créditoâ, afirma a pesquisadora.
Sob a ótica da demanda, o crescimento foi sustentado principalmente pelo setor externo. As exportações de bens e serviços caÃram 0,4%, mas as importações recuaram ainda mais (-7,1%).
Também tiveram alta o consumo das famÃlias (0,2%) e o consumo do governo (0,3%). A formação bruta de capital fixo, isto é, os investimentos, caiu 3,4% no perÃodo, influenciada pela polÃtica monetária que encarece o crédito.
O consumo das famÃlias foi beneficiado por fatores como a melhora do mercado de trabalho, aumento da massa salarial do trabalhador e redução da inflação nos últimos meses. Mas teve seu crescimento restringido pelo endividamento das famÃlias e também pelo encarecimento do crédito.
Comparação anual
Na comparação com o primeiro trimestre de 2022, a agropecuária também puxou o crescimento do PIB, com um aumento de 18,8%. Os outros setores também cresceram: serviços (2,9%) e indústria (1,9%).
Sob a ótica da demanda, o setor externo também contribuiu bem, com um aumento de 7% das exportações. Nessa comparação, o consumo das famÃlias teve uma alta de 3,5%. Também apresentaram resultados positivos, o consumo do governo (1,2%) e os investimentos (0,8%).