A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, em conjunto com o Senado Federal promoveu no dia 19 de outubro o seminário internacional “As altas habilidades e a educação”. No encontro, diversos especialistas foram ouvidos e ressaltaram a necessidade de promover o atendimento individualizado dos alunos superdotados e 2e (dupla excepcionalidade), além da capacitação das instituições de ensino para atendê-los.
De acordo com os dados do Educacenso de 2022, existem menos de 27 mil superdotados identificados no Brasil, e esse número está muito abaixo da estimativa psicométrica até da OMS, que estima que 3% da população seja superdotada. Alguns especialistas que analisam de maneira mais ampla, estimam que os números oscilam entre 5 a 10% da população, ou seja, há um grave cenário de subnotificação tornando uma população de estudantes praticamente invisível no sistema de ensino, notadamente sem direito à Inclusão.
Autora do pedido de realização do seminário, a deputada Soraya Santos (PL-RJ) lançou alguns pontos de preocupação, como o próprio reconhecimento das pessoas com altas habilidades ou superdotação.
A senadora Professora Dorinha Seabra Rezende (União-TO), que também pediu o seminário, chamou atenção para a necessidade de as escolas estarem preparadas para acolher e entender que as pessoas aprendem de forma diferente. Segundo ela, o maior desafio nosso é organizar isso do ponto vista de política pública permanente de financiamento, de formação, de organização dos professores.
Aline Moraes, uma das fundadoras do movimento nacional Superdotação no Mapa e mãe de superdotado, participou do seminário e mencionou as inúmeras violações de direitos no sistema de educação que não cumpre a lei existente, e, ainda, permite que apenas uma minoria de escolas consiga atender adequadamente a essas necessidades. Ela ressaltou a importância de garantir os direitos das pessoas superdotadas e 2e. Para conhecer mais sobre o movimento acesse no Instagram: @superdotacaonomapa
Adriane Dalazen, moradora de Capinzal, mãe e uma das coordenadoras do grupo Superdotação no Mapa em SC, comemorou o Seminário Internacional realizado recentemente, no qual puderam debater o assunto, e acredita que isso representa um grande avanço na conscientização sobre a superdotação no país. Ela espera que, em breve, ocorram progressos significativos em relação a essa temática tão importante e necessária.
O que é a superdotação?
As altas habilidades (AH), que na legislação brasileira e conceitualmente significa o mesmo que superdotação (SD), é uma condição genética do neurodesenvolvimento, caracterizada por muita intensidade, cognição elevada em diferentes níveis, sede intensa por aprendizado profundo, assincronias, superexcitabilidades, perfeccionismo, além de um forte senso de justiça e diferentes níveis de assincronia nos domínios do desenvolvimento da criança e adolescente.
Quando identificada a AH/SD, é necessária a adoção de estratégias que contemplem o desenvolvimento dessas crianças de forma singular e que correspondam com a idade cognitiva superior, acompanhada por uma progressão veloz em relação aos demais, pois a maioria dos superdotados já nasce no mínimo com o cognitivo três anos adiantados em relação a idade cronológica quando comparado à população da mesma idade e faixa escolar.
São condições que tornam esses estudantes bastante vulneráveis a determinadas práticas pedagógicas que são padrão e contemplam seus pares de idade. Contudo, para esta população de estudantes superdotados, devido a características intelectuais e socioemocionais individualizadas e muito distintas, o padrão do sistema de ensino pode trazer prejuízos profundos, tornando urgente a formulação de políticas públicas e educacionais que minimamente os enxerguem e os considerem em diferenças muito peculiares, segundo a especialista Dra. Olzeni Ribeiro, que também faz parte do movimento Superdotação no Mapa.